domingo, 4 de fevereiro de 2018

Sir Charithoughts SPECIAL: Yellow #2

Pokémon: Yellow #2

Um herói em treinamento
O caminho para ser um herói vem fácil para alguns e para outros exige umas horas a mais de sono e treinamento árduo. Yellow tem a coragem, a inteligência e a compaixão necessárias para ser um herói no mundo Pokémon, mas ainda lhe faltam algumas habilidades. E essas carências ficam cada vez mais aparentes quanto mais o conhecemos. O contraste fica ainda maior quando Kusaka decide abrir Pokémon: Yellow #2 mostrando a imensa dificuldade de seu novo protagonista em realizar uma captura Pokémon, algo que Red faz na sequência inicial do primeiro volume de Pokémon: Red Green BlueEm parte sua dificuldade deriva do fato de que ele se recusa a ferir Pokémon (talvez em vez de ter aulas com Blue, ele devia ter Ash como mentor neste caso já que este sim é um Treinador especialista em capturas sem luta - apesar de que Pipo quer ser capturado e nem assim!)
A contraposição da personalidade doce e carismática de Yellow com a frieza e praticidade de Blue gera alguns dos melhores e mais icônicos momentos deste volume! É impossível não rir e ser cativado pela reação completamente devastada do jovem aprendiz ao ver seu Rattata evoluir para Raticate - ainda que Rattatinho seja definitivamente o Raticate mais fofo que já existiu na face da Terra. Sempre que eu leio esse momento lembro da minha própria reação quando assisti a Charmander evoluindo no anime pela primeira vez. Ele era meu fofinho e sensível Pokémon favorito e vê-lo se tornando um Charmeleon e eventualmente um Charizard agressivo e arrogante foi de cortar o coração - acreditem se quiser, mas por muito tempo eu detestava o Charizard.
Infelizmente o treinamento em si só dura três capítulos - sendo que um deles é dedicado totalmente a Pika e Pipo ficando amiguinhos -, mas conseguimos ver seus frutos tanto durante o ataque dos Mankey (repita comigo, Panini: M A N K E Y) quanto durante o resgate que o jovem herói loiro realiza durante o ataque do Trio de Elite da Equipe Rocket ao Sta. Ana (repita comigo, Panini: S T A.). De fato, o crescimento de Yellow é algo tão aparente que faz com que Lance finalmente saia das sombras e vá atrás do personagem pessoalmente, gerando o primeiro combate entre eles, do qual Yellow não consegue sair apenas como vencedor aparente, mas também vivo, graças ao poder do Pikachu nv. 58 de Red.
O confronto ainda gera uma das minhas manobras de roteiro favoritas para incorporar um elemento dos jogos: Pikachu com Surfar. Sendo essa uma das poucas coisas que o autor Hidenori Kusaka pôde usar de Pokémon Yellow: Special Pikachu Edition, um jogo inspirado especialmente no anime, a solução arranjada para Pika aprender a usar esse movimento exclusivo de eventos nos games é criativa e ao mesmo tempo bastante satisfatória. Além disso, ela providencia uma desculpa excelente para a prancha que o Pokémon Rato aparece usando em diversos jogos e se tem uma coisa que Yellow aprendeu direitinho com Blue é a parecer descolado enquanto surfa!

O emaranhado de tramas
Uma coisa que sempre me impressiona no trabalho de Kusaka nestes primeiros volumes é a sua forma de tecer uma narrativa cada vez mais complexa e cheia de reviravoltas que vão sendo construídas a longo prazo e não apenas jogadas na trama do nada para chocar. Se em Pokémon: Red Green Blue, que exploravam mais conteúdo dos jogos, o autor já usava sua liberdade criativa para nos surpreender, sendo Pokémon: Yellow uma trama mais original isso abre ainda mais o escopo de possibilidades e nessa edição não faltou tramas para serem trabalhadas!
Mais legal ainda é ver que mesmo com o novo protagonista, tramas deixadas em aberto ou iniciadas em Red Green Blue ganham mais substância e alguns erros ganham até mesmo justificativas intrigantes! Um exemplo que sempre me impressiona é a evolução de Poliwhirl. Quando ela ocorreu lá no final de Pokémon: Red Green Blue #1, no capítulo "VS Electabuzz", ela parecia ser mais uma manobra deus ex machina para dar a cena mais dramaticidade e impacto, como as que vemos com frequência no anime. Quatro volumes depois, a transformação aparentemente aleatória de Poliwhirl em Poliwrath se torna parte de uma mitologia e trama ainda maiores!
Kusaka também traz de volta Blaine e Mewtwo, nos revela que Green está por trás da jornada de Yellow porque suspeita que a Elite dos Quatro foi a responsável pela ave que a sequestrou anos atrás, antecipa o retorno dos Rockets em Pokémon: Gold & Silver através da Elite da Equipe Rocket, revela o paradeiro de Red para revelar em seguida que ele não está mais lá e aparentemente colocou Vee de volta no time, orquestra um ataque em massa às cidades dos Líderes do bem, reinsere os Líderes de Ginásio do mal na história e ainda arruma tempo para introduzir Daisy, a neta do Professor Carvalho e irmã de Blue que estava esquecida no churrasco. Ufa! E as coisas prometem apenas ficar mais intensas!

Errou feio, errou rude
Desde Pokémon: Black & White, eu observo erro na tradução da Panini, porém sempre eram coisinhas pequenas e eu não dava muita atenção porque afinal é algo que sempre acontece. Eu mesmo erro direto meus textos no blog - e olha que reviso até duas vezes às vezes, eu juro! Porém, o que foi essa edição de Pokémon: Yellow #2? Quando eu vi as primeiras fotos na Internet de Mankey sendo chamado de Primeape eu não esperava que fosse NUM CAPÍTULO INTEIRO! Pior ainda: um capítulo que APARECE UM PRIMEAPE DE VERDADE e eu tenho quase certeza que o nome de ambos é dito na versão japonesa, mas a brasileira trata os dois como se fosse a mesma espécie.
E então veio Ekans sendo chamado de Arbok em todo o volume: no índice, no título, em todos os diálogos! Eu fiquei muito sem entender porque, ok, Ekans em japonês é Arbo, então dá sim pra confundir. Só que Ekans e Arbok também são alguns dos mais clássicos e memoráveis Pokémon da I Geração. Qualquer pessoa com um conhecimento mínimo deveria saber a diferença de um para o outro, ainda mais considerando que o editor do mangá, Bruno Zago, afirmou em entrevista à Pokémon Blast ser um fã das antigas. Oras, um fã das antigas deveria saber essa diferença (afinal ela está bem nítida! É o traço da Mato, não do Togashi). Mais importante ainda: um tradutor deve sempre CHECAR se a tradução está certa e ter um revisor igualmente competente para auxiliá-lo - embora ainda me assusta o fato de a pessoa saber o nome Arbok, mas não saber como é um Arbok!
A tradução ainda chama o Raticate de Yellow de Rattata na ficha dos Pokémon no final do livro, faz um bocado de pluralizações dos nomes dos Pokémon - algo que em teoria não deveria ocorrer - e na página 183, Erika ainda diz que os Pokémon atacando Celadon, Cerulean e Pewter são do tipo Gelo, Lutador e Elétrico. Na verdade, são do tipo Gelo, Lutador e Fantasma. Sério, alguém claramente não estava prestando atenção! Além disso, Thunderbolt foi chamado de Choque do Trovão em todo o volume - o que não é um erro em si, mas continua a saga do movimento oscilando entre Choque do Trovão e Relâmpago dependendo do humor do tradutor.

Curiosidades:
  • O capítulo "VS Pidgetto" tem uma premissa parecida com a de uma missão do jogo Hey You, Pikachu!, lançado em 1998 para o Nintendo 64 no Japão;
  • Há um bocado de treinamento envolvendo rochas e tacar fogo em rochas neste volume;
  • Sou eternamente grato por este volume por me dar mais conteúdo para colocar no Guia de Batalhas de Blue;
  • Enquanto eu ainda estou na metade de Pokémon: Yellow, a Panini já se prepara para lançar Pokémon: Gold & Silver! Nesse ritmo nunca vou alcançar. Talvez se eu pedir demissão do meu trabalho e me dedicar a Pokémon em tempo integral?
  • Aliás, gostaria de dizer que estranhei muito a decisão de usar o título Gold & Silver e não Gold Silver Crystal, já que Pokémon Crystal Version não gerou uma saga diferente para o mangá, como Pokémon Yellow fez;
  • Neste volume, Blaine aparece disfarçado, só que esse disfarce na verdade é sua aparência do anime! Ocorre que o anime adotou o design original que Sugimori criou para o personagem em Red & Green (do careca em cima do cabelo nas laterais e sem óculos e sem bigode), mas acabou descartando eventualmente para o visual eternizado hoje (completamente careca com óculos e bigode). Foi uma brincadeira bastante inteligente inserir o design antigo como um disfarce do Blaine na história e ainda serve como uma possível homenagem à contraparte do personagem no anime;
  • Aos ansiosos por novas reviews de Pocket Monsters: Sun & Moon, os episódios já estão baixados! Devo assistir neste fim de semana para escrever os textos que vocês tanto anseiam. Meu TV Time já está denunciando que já faz mais de 60 dias que não vejo episódios novos e isso é uma vergonha!

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