terça-feira, 8 de janeiro de 2013

BEST WISHES!, EU ODEIO VOCÊ! - PARTE 2


E aqui está a segunda parte do meu ataque rage sobre Best Wishes! que vcs parecem ter gostado mto de ler. A primeira parte está acessível logo ao lado caso você tenha perdido.
Estou publicando sem imagens porque não consegui postá-las ainda, mas assim que eu conseguir, atualizarei o post. Tbm tem a segunda parte da trajetória sobre o filme do Mewtwo no Brasil que estreou no Brasil há 13 anos!
Aviso: contém spoilers.

POKÉMON BEST WISHES!, EU ODEIO VOCÊ!
Parte 2


IRIS & CILAN – MAIS COLEGAS DE VIAGEM QUE AMIGOS

Apesar de se manter fiel ao seu personagem principal e seu Pikachu, os roteiristas e produtores da série não tem muitas restrições quanto a mudar as suas companhias de jornada. Seja por medo de uma implicância dos americanos com a etnia de um deles (como no caso de Brock e Tracey) ou para dar uma nova presença feminina “para os meninos apreciarem”, os roteiristas trocaram protagonistas do anime sempre que julgaram necessário. Em Best Wishes!, eles nos apresentaram a Iris e Cilan. BW é frequentemente comparada à saga Kanto, graças ao ritmo mais acelerado da série, na reapresentação da Equipe Rocket como vilões sérios, na escolha de dar os três iniciais da nova geração para Ash, nos títulos ocidentais dos episódios... e no fato de que os dois parceiros de viagem de Ash são Líderes de Ginásio nos jogos, assim como Misty e Brock na série original.

Mas afinal, os dois personagens funcionam?

Uma coisa bacana nos jogos Pokémon Black Version e Pokémon White Version é a ideia de contraste. Preto e branco. Velho e novo. Inovação e tradição. Felizmente, esse contraste está presente no anime nas figuras de Iris e Cilan – ainda que com estereótipos muito fortes. Ela é a menina negra, rústica, selvagem e supersticiosa, enquanto ele, ao contrário, é o menino branco, urbano, engomadinho e cético. Nesse sentido, ambos funcionam muito bem. É interessante ver como eles se relacionam um com o outro, como seus comportamentos, crenças e modos de vida são diferentes, mas como eles conseguem aprender conviver com essas diferenças, apesar dos eventuais conflitos que elas geram. Para o mundo de diversidades de hoje, é importante que uma série animada traga personagens assim. Mas e com o Ash?

Como dito na seção anterior, o personagem de Ash foi muito enfraquecido dentro de BW. Não só em termos de batalha, mas também em termos de personalidade. Sua falta de carisma e motivação fazem com que ele se torne uma figura pálida perto de Iris e Cilan. Ao mesmo tempo, a amizade entre eles soa muito forçada e as razões de Iris e Cilan viajarem com Ash são as menos convincentes de todo o anime! Lembrando rapidamente: Misty queria que ele lhe comprasse uma bicicleta nova, já estava fugindo de casa mesmo e desenvolveu o interesse amoroso por ele; Brock simpatizou com o Treinador de Pallet e como ser um Criador também envolvia viajar conhecendo diferentes Pokémon, não foi difícil eles se juntarem; Tracey queria conhecer o Professor Carvalho, que o Ash conhecia e eventualmente encontraria; May teve sua bicicleta destruída também, não estava muito animada para seguir numa jornada Pokémon sozinha e não pretendia treinar seu Pokémon, então Ash era o que ela tinha como opção de companhia mais alguma segurança já que ele era mais experiente; Max queria viajar também... e sua irmã já estava lá e ele poderia aprender uma coisa ou outra viajando com eles; e Dawn fez amizade com Pikachu no curto tempo em que cuidou dele e gostou de saber que ele e Brock viajavam juntos, então decidiu se juntar ao grupo. Nenhuma motivação brilhante, mas ao menos havia alguma.

Iris começa implicando com Ash, chamando-o de criança, questionando suas decisões e atitudes... mas por alguma razão, mesmo não gostando dele, continua seguindo-o por cinco episódios até Cilan sugerir que os três deveriam viajar juntos oficialmente. Mas por quê? Curioso que Misty também não tinha uma relação boa com Ash também no começo e, pensando em Iris e Cilan como um paralelo a Misty e Brock, o comportamento de Iris forma um paralelo com Misty. Entretanto, não há nem uma gota da mesma química que havia entre Ash e Misty com Ash e Iris. As implicâncias dela com ele não tem a mesma graça, assim como ele parece estar tão apático nesta temporada que é incapaz de sequer responder às provocações dela, algo que o Ash de Kanto era capaz de fazer e dava certo equilíbrio à relação. Além disso, se é visível o crescimento do sentimento de amizade entre Ash e Misty, com Iris não dá para perceber se mesmo hoje ela e Ash são amigos porque a interação entre eles é muito pobre e mecânica.

A função dela dentro do anime também ainda é uma incógnita. Em seu blog, Takeshi Shudo, já falecido supervisor da série original, revelou que uma das razões de se tirar Misty do anime foi que seu “senso de existência era o mais fraco dentro da série” e que ela havia sido criada só para atrair o público feminino. Mas e a Iris? Apesar de haver episódios excelentes focados no passado dela e em como ela começou sua jornada, seu objetivo de se tornar uma Mestre de Dragões não é trabalhado dentro da série. Ela simplesmente parece ter uma empatia especial com esse tipo de Pokémon, que é retratada aqui e ali, mas é mal desenvolvida. Mais recentemente foi revelado que Drayden, o Líder do Ginásio de Opelucid, quer que ela o substitua futuramente no Ginásio. Se o anime fará algum progresso nesse sentido com ela, ainda não dá pra saber e eu não estou muito otimista em relação a isso pelo que foi mostrado até agora.

O lance é que desde o começo era esperado alguma revelação da relação de Iris com o Ginásio de Opelucid já que ela é a Líder do Ginásio de Opelucid no jogo Pokémon White Version e é a Campeã de Unova em Pokémon Black & White Versions 2. Porém, para alguém cuja história sempre esteve ligada a batalhas de Ginásio, Iris luta muito pouco no anime. Houve sim um esforço de mostrar ela progredindo como Treinadora de alguma forma. Os membros de seu time todos já apresentaram problemas: Axew era muito fraco por falta de batalha, Excadrill era desobediente, Emolga e Dragonite ambos difíceis de controlar. Todos os problemas foram resolvidos de alguma forma (o de Emolga talvez tenha sido o único que não foi trabalhado de forma alguma, simplesmente se resolveu do nada). Mas ainda assim foi muito pouco, especialmente se você considerar que os problemas com os três primeiros foram resolvidos em menos de trinta episódios e depois disso ela fica um loooongo tempo fazendo absolutamente nada!

É triste também ver o que fizeram com Axew. Logo no começo de Best Wishes!, ele havia mostrado interesse em evoluir – sendo uma das raras vezes em que um Pokémon expressa desejo de evoluir no anime perto de tantas outras objeções à evolução –, mas ao invés de trabalharem isso e tornarem-no um Pokémon mais ativo, os roteiristas decidiram mantê-lo como mascote-alívio-cômico-fofo que aparece com ataques fodas ocasionalmente para algumas batalhas importantes. E para compensar, deram o Dragonite para ela ter alguma força expressiva em seu time.
Cilan é também outro personagem complicado. Apesar de ter seus muitos fãs, ele está longe de ser unanimidade. Sua razão para viajar com Ash também é uma incógnita. Depois que perdeu para Ash numa batalha cujo foco era o humor, não necessariamente o talento de Ash, Cilan decide que ele tem um “segredo de batalha” e o acha um Treinador fascinante, então decide segui-lo – e ele acha isso logo na série em que Ash está em seu pior (Ok, não pior que na Liga Índigo, concordo, mas ainda assim... regressões são piores) e após uma batalha medíocre da parte de Ash! Apesar de Cilan fazer amizade com Ash mais fácil do que Iris, os dois ainda estão muito longe de terem aquela interação que Ash tinha com Brock, por exemplo. A profissão de Cilan, um Especialista Pokémon – conforme a versão brasileira – é tão diversificada quanto seu nome ao redor do mundo – Sommelier na versão japonesa, Connoisseur na versão americana, Intenditore na italiana, Conecedor na espanhola. Inicialmente Especialistas são apresentados como pessoas capazes de avaliar o quão próximos Pokémon e Treinador são. O problema é que enquanto nos jogos há uma lógica de existência de pessoas capazes de verificar a compatibilidade entre um Treinador e seu Pokémon (certos Pokémon evoluem por nível de felicidade, então é importante ter alguém te informando sobre o quão feliz com você seu Pokémon está já que é impossível saber só pelos sprites dos bichos), no anime é questionável a necessidade de tal serviço desde que essas relações entre humano e Treinador já são mostradas de forma muito clara, afinal você pode vê-los interagindo e tal, então a profissão acaba se tornando um tanto inútil. Além disso, em Sinnoh, as pessoas podiam usar um Pokétch para fazer isso de forma simples – vai ver os Especialistas se popularizam justamente porque não tem Pokétch em Unova né! O diferencial dos Especialistas, aparentemente, é que eles fazem a descrição de uma forma exageradamente rebuscada cheia de analogias a vinhos (ou comida, como na versão ocidental) e metáforas que dizem, na realidade, muito pouco.

Explicações durante as batalhas sempre foram utilizadas em Pokémon para situar o telespectador não-familiarizado com aquele universo, desde detalhes simples e clássicos como “Ataques Elétricos são super-efetivos em Pokémon Aquáticos” quanto mais recentes como “Estática é a habilidade de Pikachu que pode paralisar o oponente que o toca”. A saga em Sinnoh foi cheia dessas, devido ao uso de muitas técnicas e movimentos dos jogos pouco ou nunca utilizados no universo da série animada até então. Em BW, há relativamente menos falatório nesse sentido, mas eles “compensam” isso com o blábláblá de Especialistas fazendo um longo discurso muito desnecessário sobre como isso “cheira àquilo” ou como aquilo tem “um sabor magnífico”, o que torna a coisa toda uma chatice.

Talvez devido à falta dos roteiristas de saber o que fazer com um Especialista, acabaram dando a Cilan ao longo da série diferentes especialidades (Especialista Detetive, Especialista Pescador, Especialista em Metrô... ). Vale notar também que assim como o fato de ser um bom cozinheiro é um visível paralelo a Brock, ele herdou a habilidade de pesca de Misty, tendo inclusive sua própria isca especial, como ela. Enquanto todas essas habilidades o tornam um personagem mais versátil, elas também acabam reforçando a ideia do quão fraco foi seu planejamento como personagem e como eles foram tentando compensar ao longo da série. E o fato de eles fazerem questão de adicionarem o “Especialista” a todas essas especialidades só reforça o quanto essa é uma ocupação bastante fraca que tem essas ramificações para ganhar algum diferencial.

No fim das contas, Iris e Cilan são personagens legais com problemas em sua construção, mas que não combinam nadinha com o Ash. Pior é que foram inclusos na saga mais tosca de Pokémon, o que torna a situação toda ainda mais triste para ambos. Talvez se tivessem sido inclusos num ambiente melhor preparado, se os roteiristas não estivessem tão preguiçosos e criassem situações genuínas que transformassem a união do trio em amizade e não apenas numa conveniência talvez eles teriam se provado personagens bem melhores.



RIVAIS PRA QUÊ?

Uma coisa fundamental em qualquer jogo de Pokémon são os rivais dos protagonistas. Eles estão sempre lá, desafiando, checando o progresso do protagonista e contribuindo de alguma forma em sua jornada, mesmo que muitas vezes de forma pouco amigável. E sua presença está tão enraizada em Pokémon que muitos sentiram a falta da presença de um rival forte nos jogos Pokémon Ruby, Sapphire & Emerald e ainda mais na sua respectiva fase do anime, Advanced Generation, quando decidiram aposentar Gary desta função e não investiram num novo concorrente para Ash. A falta certamente foi muito bem reparada em Diamond & Pearl com as presenças marcantes de Paul – personagem exclusivo do anime, com leves semelhanças com o rival Silver de Gold, Silver & Crystal, que não havia ganhado uma contraparte na série animada até então e cuja participação voltou a ser relevante nos remakes HeartGold & SoulSilver – e Barry – inspirado no rival homônimo dos jogos fundadores daquela geração.

Quando os jogos Black & White chegaram, eles introduziram dois rivais para o protagonista: Cheren e Bianca. Personagens excelentes, ambos destacaram-se por possuírem um desenvolvimento bem acentuado dentro da história paralelo ao do protagonista. O fato de que personagem principal e rivais cresciam juntos dentro do jogo fez a diferença e gerava várias histórias diferentes. As personalidades bem distintas e contrárias dos dois também servia bem ao propósito de dualidades que era o foco dos tais jogos, como já mencionado anteriormente. Logo que Best Wishes! começa, porém, somos introduzidos a um rival completamente novo: Trip.

Porém, não dá pra dizer que Trip é exatamente completamente novo. Se houve uma cautela dos roteiristas de não darem um rival para Ash em Advanced Generation logo após Gary e depois fazer os rivais de DP personagens bem distintos, Trip é introduzido com forte influência notável de Paul! Seja no cabelo, no olhar de desprezo, na forma de andar, na arrogância na voz quando se direcionando a Ash e até na forma que o inferiorizava, Trip era uma cópia mal-feita de Paul. Mal-feita porque ele surge como um Treinador novato que derrota Ash quando seu Pikachu está “debilitado” e derrota de novo quando ele está saudável de forma superior, mas pouco convincente. O lance é que o guri demonstrava MUITO talento para um novato e muita gente não curtiu – pessoalmente, eu odiei! – ver Ash, o Treinador que acompanhamos por anos, ser derrotado por um guri nojento e metido que acabou de pegar suas bolas, sua lagartixa verde e partiu numa jornada com seu hobby de fotografia.

Além disso, se os roteiristas tiveram cuidado em criar as situações entre Paul e Ash de forma que a rivalidade dos dois impulsionava Ash de alguma forma, lhe dava uma nova motivação e também servia para mostrar as diferentes camadas do próprio Paul, a rivalidade contra Trip só servia para provar o quão incompetente o Ash de BW é, para mostrar o Palletiano perdendo para alguém. E a popularidade de Trip foi baixa, sua rivalidade com Ash tão fracassada que os próprios roteiristas parecem ter visto a falha que tinham em mãos e se apressaram em criar personagens mais agradáveis ao gosto do público e fizeram de tudo para evitar Trip o máximo possível no anime, usando-o só com a obrigação de encerrar logo seu arco de história – se é que se pode considerar o draminha besta com Alder um. O fracasso de Trip como rival foi tanto que os roteiristas não hesitaram ao “inovar” fazendo o rival “principal” da série ser o primeiro eliminado na Liga regional numa batalha 1 VS 1 – a menor batalha vista contra um rival principal até então numa Liga havia sido 3 VS 3! Inovações de Best Wishes!.

E quando os fãs já estavam super-desapontados com Trip, eles tiveram suas preces ouvidas e uma rival dos jogos foi introduzida na série animada: Bianca! Pessoalmente eu sempre quis ver Ash tendo uma rival feminina e Bianca é uma das minhas personagens favoritas de Black & White. E em sua estreia Bianca é bacana e divertida, porém, não era a mesma Bianca dos jogos. Enquanto a personagem dos jogos tem problemas em confiar em seu próprio potencial, é frágil, humilde, mas com uma certa força interior, muitíssimo adorável, gentil e bastante realista-pessimista, a Bianca do anime é super-convencida, desastrada, apressada e engraçada de uma forma que a afasta da sua contraparte dos jogos e a aproxima mais do outro rival de Ash em DP, Barry. A única coisa em comum entre a Bianca do anime e a dos jogos é o fato de ambas serem “avoadas” - não à toa a característica mais enfatizada da personagem nos jogos. Como eu falei, porém, em seu episódio de estreia isso não é bem um problema porque funciona bem esse estilo Bianca mais barryzado porque ela ainda continua adorável e carismática – Barry era um excelente personagem afinal de contas!

O problema vem quando Bianca se mostra uma pessoa extremamente sem noção e, o pior, chata. Isso fica em evidência, por exemplo, quando ela passa quatro episódios seguidos das Batalhas Don perseguindo de forma meio doentia uma Zorua que já tem Treinador e não quer nada com ela só por meros propósitos de humor. Então se nos jogos há um propósito de se mostrar Bianca como uma Treinadora em desenvolvimento, o anime a reduziu a alívio-cômico. A situação fica pior quando eles reciclam a mesma piada de novo e de novo com ela até tornarem tudo insuportável. Aí nem alívio-cômico mais funciona!

Depois os roteiristas e produtores decidiram explorar uma das tramas de Bianca dentro dos jogos. Em Black & White, Bianca parte em jornada contra a vontade do pai. Ele tenta impedi-la de sair de casa e depois vai buscá-la pessoalmente na Cidade de Nimbasa. No anime, nós perdemos o drama de ela saindo de casa, mas ela explica logo quando conhece Ash e cia que seu pai não a deixava sair de casa por isso ela ficou um tempo só treinando seu Pignite e ele era então o único Pokémon que ela tinha até o dia em que ela fugiu. Nos jogos, essa trama tinha por objetivo trabalhar mais da insegurança de Bianca – seu pai não acreditava que ela poderia se virar sozinha no mundo perigoso – e mostrar o quão ela era capaz sim de estar em sua jornada.

Como já foi desnuda de toda insegurança e sensibilidade, essa trama para a Bianca do anime acaba perdendo bastante o impacto que tinha originalmente. Primeiro eles tentam abalar a confiança dela, trazendo seu pai para a história querendo que ela volte para casa porque não poderia ser uma boa Treinadora, depois fazem-na perder para Elesa, meio que confirmando a teoria dele e aí vem Ash vencer o pai de Bianca pra ela para provar sei lá o quê. Que ela pode viajar sozinha porque tem rivais com quem ela encontra de vez em quando que vão lutar por ela para protegê-la? Ou que ele pode vencer o pai dela? Cadê a construção da auto-confiança dela? Cadê ela lutando e defendo seu sonho de seguir numa jornada mesmo com as derrotas? Cadê Elesa enfatizando que as pessoas são diferentes e tem opiniões diferentes sobre o mundo e tais diferenças devem ser respeitadas? Além disso, convenhamos não faz muito sentido a forma como o pai de Bianca parece ter dupla-personalidade no anime. Uma hora um pai como nos jogos, todo preocupado porque o mundo é perigoso e, no instante seguinte, todo Meteoro Vermelho radical. E aí você tem uma personagem interessantíssima arruinada por meros motivo de humor infantil e Bianca se tornou uma personagem ainda mais opaca à medida que a série foi passando oscilando entre esses momentos de super-auto-confiança e baixa auto-confiança.

Bom, com a falha de Trip em conquistar, surgiu Stephan, o primeiro rival totalmente original de BW. E talvez por isso o que tenha dado mais certo até agora – ao menos para mim. Stephan funciona porque ele é um personagem fácil de gostar porque não é metido e nojento como Trip nem chato como a Bianca, tem seu jeito próprio de fazer as coisas com um tom de comédia que não é banalizado demais (exceto talvez pela piada maldita com a pronúncia do seu nome, mas isso já foi corrigido) e ele tem batalhas muito boas! Inclusive fazendo combinações de golpes que eram tão comuns em DP, inclusive realizadas pelo próprio Ash, mas que por alguma razão BW faz ele ignorar completamente. Enfim, não me surpreendi quando me peguei torcendo para o Stephan vencer o Ash na Liga Unova, honestamente. Pena que isso não aconteceu. E por mais que eu considere Stephan bacana, há de se concordar que como personagem ele também não foi o suficiente para dar uma nova motivação a Ash. A relação entre os dois era tão pálida quanto a de Ash com os outros dois rivais mencionados anteriores e aos seus coleguinhas de viagem – talvez porque Ash é sem dúvida o peixe mais fora d'água em BW mesmo.



E aí você tem as rivais dos companheiros de viagem de Ash. May e Dawn tinham seus próprios rivais, mas para os Torneios isso nunca foi muito complicado e era até muito necessário. Mas como se dá rivais para Treinadores que não participam em competições regulares? Você cria razões estúpidas e infantis para estimularem a rivalidade, mas que rendem desculpas para mais alívio-cômico – porque esta saga precisou de MUITOS para suprir a falta da Equipe Rocket, papo que fica para depois – e cria torneiozinhos de batalhas para esses rivais serem reunidos ocasionalmente e mostrarem todos juntos o quão chatos eles são. A rival de Cilan se chama Burgundy, uma menina Especialista também mas que é classe C, enquanto Cilan é classe A, apenas um nível abaixo do máximo, S. Burgundy é basicamente uma má perdedora infantil e rancorosa que fica correndo atrás de Cilan competindo e perdendo contra ele e outros aí. Burgundy faz bosta nenhuma para melhorar como Especialista, mas deve fazer alguém rir com suas piadinha. 
Então temos também Georgia, a rival de Iris! Meninas com problemas com Tipos de Pokémon não é novidade. Misty tinha nojo de tipos Inseto, havia uma Enfermeira Joy que detestava Pokémon Aquáticos em Johto, Iris não gosta de bichos do Gelo e Georgia aparentemente não gosta de Dragões. Só que diferente das demais, ela transforma seu desgosto em motivação e quer derrotar todos os Mestres de Pokémon Dragão, por isso se intitula Exterminadora de Dragões e sai por aí correndo atrás de Iris e seu Dragão (...Excadrill? Ah é, esqueci o Axew!) participando de torneiozinhos de batalhas aqui e ali onde ela quase nunca enfrenta um Dragão, tornando o seu título apenas uma exibição metida de uma recalcada. Pelo menos na Copa Júnior ela conseguiu enfrentar o Dragonite da Iris para compensar todo o stalking. Sim, ela também é uma má perdedora, rancorosa, convencida... parecidíssima com a Burgundy. Ambas também são parecidíssimas com outra rival de DP, Ursula, que atormentava Dawn.

Bom, mais para o final da saga eles introduziram Cameron (é como Kotetsu é chamado nas Américas, não tá sabendo?), o pirralho que não sabe coisas básicas como que você precisa de oito Insígnias para entrar na Liga ou que numa Batalha Total você usa seis Pokémon e que achava que a Liga Unova – por alguma razão que nem Arceus sabe – aconteceria em Johto! Bom, de qualquer forma, como regra básica, ele é melhor Treinador que Ash em Unova. E o derrotará na Liga Unova usando cinco Pokémon contra seis do Palletiano. Tenham um bom dia.

Bom, como não dá pra fazer um tópico sobre isso. Pequenas considerações: além dos rivais mais sem graça de todos os tempos, BW também tem outros personagens infelizmente desinteressantes. A Prof.ª Juniper, por exemplo, é a mais sem graça e sem personalidade de todos os Professores Pokémon do anime – seu pai, porém, Cedric Juniper parece ter mais a oferecer que ela nesse sentido, o que é uma pena. Nos jogos os professores em geral não tem muita personalidade, mas o anime sempre fez um trabalho decente na caracterização deles, como Prof. Elm e sua disputa pessoal com o Prof. Carvalho ou Prof. Rowan e seu jeito sério de dar medo, mas eles não se esforçaram muito com Juniper. Só gosto dela na versão brasileira porque Márcia Regina lhe confere mais carisma do que sua dubladora original (o fato de eu ser fã de Márcia Regina pode influenciar um pouco também =P).

Também queria apontar que a situação de BW é tão ruim que eles conseguem até estragar personagens em estabelecidos na série. Depois de Ash e da Equipe Rocket, eles tiraram Dawn lá de onde ela estava, em Hoenn, para uma participação longa e sem propósito onde ela só figurava lá para chamar atenção da galera de DP – o que funcionou, já que muita gente voltou a ver BW só pela Dawn para se decepcionar de novo com a participação inútil dela. Além de basicamente não chamar a atenção nessas aparições e não contribuir em nada para a série – diferente das aparições de Misty em AG e May em DP – eles ainda bagunçaram a rota de viagem dela todinha, sua carreira como Coordenadora e praticamente fizeram dela uma viajante sem rumo.

Ah, como eu te odeio Best Wishes!...