sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

BEST WISHES!, EU ODEIO VOCÊ! - PARTE 1

POKÉMON BEST WISHES!, EU ODEIO VOCÊ!
Parte 1


UMA BREVE INTRODUÇÃO
Bom, quando decidi fazer este blog a minha ideia original nunca foi criar um espaço para ficar dando opinião sobre isso ou aquilo, mas apenas postar minhas matérias focando em fatos e eventos – embora eu dê sim minha pitada de opinião aqui e ali, mas nunca como parte essencial do que escrevo. Acompanho Pokémon há doze anos, desde que ainda era algo que se podia falar com vários amigos, colecionar Supercartas junto e ver o programa da Eliana só esperando o desenho começar!
Verdade seja dita, apesar de ainda assistir à série, não considero Pokémon um desenho de alta qualidade. Não há uma animação exemplar ali, nem uma história sólida, a trilha sonora não é espetacular, há diversos furos na história da série e dos episódios, incoerências com o que é estabelecido no material fonte, os jogos... e se você acompanha a versão brasileira ainda, tem os malditos erros de dublagem e as edições da 4Kids/PUSA/TPCi. Mas Pokémon sempre teve a capacidade de me divertir e isso foi algo que eu sempre apreciei na série. Tanto que no começo do ano, comecei a reassistir do episódio #01 e me diverti do mesmo jeito – atualmente estou dando uma pausa, mas pretendo retomar logo –, então quando falo que gosto da série não é por pura nostalgia.
Porém, nos últimos anos tem algo que tem me frustrando muito no anime: Pocket Monsters – Best Wishes!. Durante todo o ano só assisti a um episódio da série em japonês (Lembranças Flamejantes! Tepig VS Emboar!!) e os primeiros lançados no Brasil dublados em português, mas venho acompanhado tudo por imagens e vídeos – parei de ver de vez no final da 1ª temporada americana. A razão para minha grande frustração e falta de interesse em BW é o que me trouxe a este post.
AVISO: TERÁ SPOILERS RELACIONADOS A EPISÓDIOS EXIBIDOS RECENTEMENTE NO JAPÃO.

UMA BREVE RETROSPECTIVA
Há grandes complicações em contar uma mesma história por anos. Problemas como desinteresse do público-alvo, queda de audiência, exaustão da equipe envolvida no projeto, repetição de histórias... sempre surgem e, eventualmente, culminam no encerramento da série. Essa é a realidade da maioria das produções para tevê no mundo inteiro, sejam seriados, sitcoms, novelas, desenhos animados...
Porém, Pokémon já está no ar há 15 anos! Isso se torna um feito ainda mais marcante se você levar em conta que diferente do que acontece nos mercados brasileiro e americano, por exemplo, Pokémon tem um episódio inédito por semana o ano inteiro! Nada de intervalos, ou pausas, mas produção contínua há 15 anos – exceto pelo período de quatro meses que a série ficou fora do ar depois do incidente com o episódio do Porygon. Existem outros animes que estão há ainda mais tempo no ar, mas isso não torna a situação menos complicada. Até porque em Pokémon você tem um personagem que tem um objetivo claro (tornar-se um Mestre Pokémon) e você o acompanha esperando que um dia ele alcance esse objetivo.
O anime, porém, nunca foi pensado para durar mais que um ano e meio, então quando decidiram esticar a série, os roteiristas tiveram sua primeira experiência com uma saga longa com a Liga Johto, que não coincidentemente, é a saga com a maior repetição de história, estrutura ou tramas desinteressantes. O anime perdeu audiência e popularidade, levando-os a decidirem repaginá-lo com uma nova série, Pocket Monsters – Advanced Generation. A saga AG trouxe novos protagonistas, os Torneios Pokémon, foi mais fiel à trama dos jogos... e arrebanhou um novo público para o anime, enquanto mantinha alguns da velha guarda.
A ideia deu certo e repetiram com Pocket Monsters – Diamond & Pearl depois que AG completou seu período de quatro anos no ar. A fórmula novamente funcionou. É interessante notar como cada uma das sagas dentro dessas séries apresentou diferenças em relação à sua predecessora na forma de desenvolver seus protagonistas, trabalhar os Pokémon principais, os personagens secundários, os vilões e até mesmo as batalhas... algo que também falarei mais a respeito. Como não poderia deixar de ser, DP acabou eventualmente e abriu espaço para Pocket Monsters – Best Wishes!, novamente trazendo uma reformulação do anime em geral. Abaixo, comentarei alguns elementos dessa repaginação. Só queria lembrar que meus comentários são apenas pessoais e expressam como eu me sinto em relação a BW e porque eu não tenho mais baixado episódios do anime lançados no último ano no Japão – pretendo assisti-los dublado em português apenas.

ASH KETCHUM DA CIDADE DE PALLET
O protagonista de Pokémon é um eterno dilema. Dependendo de para quem você perguntar, vai encontrar diferentes opiniões sobre ele. Tem gente que acha que ele deveria ser aposentado e deixar o anime de vez, dando espaço para um novo protagonista. Alguns acham que sem ele o anime não seria o mesmo. Outros que ele deveria alcançar seu objetivo e o anime ser enfim encerrado definitivamente. Porém, apesar de ser o mesmo Ash, não dá para negar que o personagem não é exatamente o mesmo lá da saga Kanto. Sim, existem elementos imortais como o jeito heroico, impulsivo e ingênuo presente em típicos shonen (gênero de mangá ou anime, cujo público-alvo são crianças e jovens do sexo masculino). Mas o Ash de Johto, por exemplo, é mais determinado a batalhar do que o Ash de Kanto, que aceita Insígnias sem necessariamente vencer seus oponentes em batalhas. Em Hoenn, Ash já é um personagem mais experiente, a quem os novos colegas de viagem, May e Max, tem como certa referência e não precisa mais de Misty e Brock no fundo dizendo o que ele deve ou não fazer. Em Sinnoh, ele está mais sério na hora de batalhar devido à presença de seu rival Paul, pensando mais em vantagens e desvantagens de Tipo, considerando habilidades e etc. 
Havia uma certa progressão no personagem, o que era legal de se acompanhar porque dava a sensação de que, ainda que a passos lentos, Ash estava chegando a algum lugar. Em BW, por outro lado, o protagonista parece ter sofrido uma regressão sofrível. Os primeiros episódios extrapolam a suspensão de descrença ao apresentar um Ash que não lembra que para capturar um Pokémon, deve-se enfraquecer este antes, que lança Pokémon inexperientes e com desvantagem de Tipo contra Líderes de Ginásio (ainda que tenha dado certo... mas isso fica para outro tópico). Ironicamente, logo na primeira cena de Ash em BW vemos os prêmios que ele ganhou durante sua jornada por Sinnoh sobre sua cômoda em seu quarto. E ele não ganhou nada novo desde então...
Paralelamente, Pikachu também parece ter ficado mais fraco. Logo no primeiro episódio, vemos Ash perdendo para Trip, um Treinador iniciante e eventual rival fracassado, com seu Pikachu, sendo que alguns episódios antes, ele havia empatado com o Pokémon Lendário Latios na Liga Sinnoh. O episódio até tentou criar um tipo de justificativa mostrando ele sendo incapaz de usar seus ataques Elétricos contra Snivy porque foram roubados aleatória e temporariamente pelo Lendário Zekrom. Curiosamente, também no final da Liga Sinnoh ele havia mostrado que podia enfrentar um Electivire sem necessariamente usar seus poderes elétricos e apesar de ter perdido também, ele havia ao menos conseguido lutar. E se Pikachu só perdeu porque Zekrom havia perdido seus poderes, então por que, poucos episódios depois, ele perdeu novamente para esse Snivy, agora evoluído em Servine, mesmo estando completamente saudável? Há pouquíssima preocupação em ao menos tentar tornar a situação menos incoerente, como já haviam feito no passado (como no caso de Pikachu ter perdido para o Eevee de Gary na transição da Liga Laranja para a Liga Johto, ele havia derrotado um Dragonite já bastante enfraquecido, e o Eevee pertencia a um Treinador experiente. O mesmo pode ser dito da derrota para o Elekid de Paul, após derrotar o Regice recém-capturado e ainda não tão bem-treinado de Brandon).
Triste também é ver o quão “relaxado” Ash tem estado em Best Wishes!. Suas batalhas não tem estratégias, apenas ataque e evasiva, nada inventivo, nem considerando elementos dos jogos e nada de criatividade. Além disso, ele esboça pouca preocupação diante da derrota. Se em DP, havia um episódio inteiro dedicado a ele se recuperando de uma derrota humilhante numa Batalha Total (6VS6) contra seu rival, o Ash de BW não demonstra a mesma preocupação – no começo da saga, até que sim, mas depois ele fica completamente indiferente à derrota. E os roteiristas continuam criando situações humilhantes para ele. Em três competições de relativa importância envolvendo batalhas, Ash saiu derrotado em todas, nem chegando sequer às finais de uma delas. No último Ginásio em que lutou ele pôde e usou seis Pokémon contra três de sua oponente e ainda assim teve uma vitória apertada! E agora, para fechar com chave de ouro, ele perderá a Conferência de Higaki da Liga Unova para seu rival alívio-cômico Kotetsu, que levou cinco Pokémon para a Batalha Total decisiva porque não fazia ideia de que se usam seis Pokémon numa Batalha Total – um guri que precisa urgentemente de palestras do Prof. Carvalho, porque também não sabia onde a Liga ia acontecer, quantas Insígnias ele precisava...
Chega a ser um descaso para com os telespectadores que tem acompanhado esta saga desde o começo, esperando por este momento ver o próprio protagonista do anime não esboçando nenhuma preocupação em perder dois Pokémon seguidos logo no começo da batalha. Se o próprio personagem não se importa com uma competição que em teoria deveria ser tão importante para ele, por que os fãs deveriam?
 Assim encerro o tópico de hoje.
Continuarei depois do Natal com meus comentários sobre Pocket Monsters - Best Wishes!
Boas festas!